
O Governo anunciou que tratou-se de uma venda por valor de 6 milhões de meticais por unidade, mas apura-se que o custo real ao Estado é substancialmente menor: cerca de 1,65 milhões por trator com atrelado — aproximadamente 1,2 milhões para o trator e cerca de 450 mil para o atrelado. A distorção no anúncio causou perplexidade e protestos.
A prática de utilizar tratores adaptados com atrelados para transporte de passageiros, sobretudo em zonas rurais remotas, tem sido amplamente criticada como desumana e simbólica de negligência estatal. A RENAMO classificou a iniciativa como "vergonha nacional", afirmando que trata os moçambicanos "como se fossem carga agrícola", sem dignidade nem investimento estrutural real. Nas redes sociais, abundam memes e caricaturas que ridicularizam os tratores como veículos adequados para transporte humano, associando-os a transporte de gado e expressando indignação perante a escassez de alternativas dignas.
Além do simbolismo degradante, há preocupações práticas sobre a segurança e legalidade. Um condutor com carta de viaturas pesadas questionou se o Código de Estrada permite oficialmente o transporte de pessoas em tratores. Muitos residentes locais também exprimiram que, ao invés de tratores, o ideal seria investir em infra‑estruturas rodoviárias básicas, como estradas asfaltadas e autocarros, que realmente promovam mobilidade sustentável e digna.
Em resumo, embora economicamente o valor unitário seja 1,65 milhões e não 6 milhões, a controversa decisão persiste como símbolo de distanciamento entre política e dignidade cidadã, reforçando críticas sobre uso indevido de recursos públicos para soluções consideradas inapropriadas e desumanas de transporte rural em Moçambique.